sexta-feira, 15 de março de 2013

Do doce ao salgado, do azedo ao amargo,
a cozinha indiana tem um sabor inconfundível



      No sul do continente asiático, uma imensidão de terra abriga por milhares de anos um
país místico. A globalização não conseguiu modificar as raízes de um povo que carrega no presente costumes que ultrapassaram milênios. A tecnologia que se mistura às marcas do tempo estampa a vida. As roupas, a religião e os temperos da comida e do sol nos desenham a Índia.

    A culinária é uma das principais marcas desse país, o segundo mais populoso do mundo.
O uso sofisticado de ervas e especiarias é a pitada especial no sabor inconfundível dessa cozinha que conquistou o mundo. “Gengibre, açafrão, cominho, coentro (em grãos ou frescos), cravos, canelas e mostarda negra são essenciais”, diz Cláudia Calvo, chef de cozinha especialista  que há 2 anos adotou a filosofia hindu.

     Tudo gira em torno da medicina Ayurveda – “ciência” médica desenvolvida na Índia há cerca de sete mil anos. O grande lance é criar uma refeição saudável que fortaleça o corpo. “É uma medicina preventiva, cada tipo de comida age em uma parte do corpo e toda a alimentação é voltada para uma boa digestão”, ressalta a chef de cozinha. Dentro de uma legítima refeição indiana devem existir em todos os pratos o doce, salgado, azedo, amargo e adstringente. O equilíbrio entre esses sabores tem um único objetivo: manter o corpo saudável.

     Com cerca de 80% da população vegetariana, percebemos que a carne não é um prato muito apreciado pelos indianos. “O Tali – a comida indiana – tem sua base nos legumes, cereais e derivados do leite, as carnes só foram incorporadas mais tarde. Na Índia, quem come carne são os muçulmanos e estrangeiros”, conta Cláudia Calvo.

     Há 10 mil anos, com a invasão dos muçulmanos no norte da Índia, a carne de cordeiro foi introduzida no cardápio. Os peixes e aves só vieram bem depois, com a colonização. A carne de vaca é expressamente proibida. Como a maioria dos alimentos no país vem da terra e dos derivados do leite, a terra e a vaca são consideradas mães.

     Em uma tradicional cozinha indiana não podem faltar as famosas “Samosas” - o pastelzinho indiano; o pão “Roti”, servido com o “Sabid” - mistura de vegetais com molho cremoso; e o Lassi, bebida típica e refrescante preparada com iogurte ao natural ou com frutas e aroma de rosas. Mas para os apaixonados por carnes, a cozinha indiana contemporânea apresenta pratos com aves, que podem ser de assados, cozidos, desfiados ou em cubos, temperadas com molhos de curry, tomate, creme de leite, castanha de caju e especiarias. As carnes de carneiros têm misturas exóticas com castanhas de caju e creme de leite. As opções com camarão e peixe ganham sabor acentuado com o leite de coco misturado às especiarias. Tudo isso sem falar nas sobremesas bem elaboradas à base de derivados de leite e frutas, com sabores bem inusitados.

     Pimenta é indispensável em um típico prato indiano. Mas para quem não gosta ou não pode com ela, não se preocupe: a especiaria interfere apenas no sabor da comida. “Por causa do clima muito quente do país, a pimenta é consumida para acelerar o metabolismo, fazendo com que o corpo produza suor e se refresque com qualquer brisa. Então você pode pedir um prato típico com ou sem pimenta, isso não vai interferir no seu valor nutritivo”, explica a chef.

Fonte: Revista Perfil / Belo Horizonte / MG

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